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Vídeo: Bolsonaro orienta ministros a questionar urnas e Judiciário

Gravação é uma das provas no âmbito da Operação Tempus Veritatis, que investiga suposta organização criminosa cuja atuação teria resultado na tentativa de golpe de Estado no 8 de janeiro de 2023
Reunião do então presidente Jair Bolsonaro com ministros e outros auxiliares, em julho de 2022:“Daqui para frente, quero que todo ministro fale o que vou falar aqui” // Foto: Divulgação

O Supremo Tribunal Federal (STF) tornou público, nesta sexta-feira (9/2), um vídeo de uma hora e trinta minutos de uma reunião, de julho de 2022, na qual o então presidente Jair Bolsonaro orienta sua equipe ministerial a disseminar informações falsas que coloquem em dúvida a segurança das urnas eletrônicas e a credibilidade do Bolsonaro diz que “providências” deveriam ser tomadas para mantê-lo no poder. Poder Judiciário. Ao longo do vídeo, o ex-presidente cita uma série de argumentos que deveriam ser reproduzidos por seus ministros.

O ex-presidente demonstra preocupação com uma possível vitória do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva e diz que “providências” deveriam ser tomadas para mantê-lo no poder.

Gravado em 5 de julho de 2022, o vídeo é uma das provas apresentadas pelo STF no âmbito da Operação Tempus Veritatis, deflagrada na quinta-feira (8) pela Polícia Federal para investigar uma suposta organização criminosa cuja atuação teria resultado na tentativa malsucedida de golpe de Estado no 8 de janeiro de 2023.

Bolsonaro cobra de seus ministros que adotem discursos de tom crítico a instituições como STF e Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele diz ainda que buscaria apoio junto a embaixadores, como de fato fez.

“Vamos esperar chegar 2023, 2024 para se f…? [e depois se perguntar] ‘por que eu não tomei uma providência lá atrás?’”, questiona Bolsonaro em um trecho do vídeo, para, então, ordenar aos ministros que adotem sempre o mesmo discurso dele.

Se a gente reagir depois das eleições, vai ter um caos’

Em um trecho, Bolsonaro deixa claro que demitiria o auxiliar que não obedecesse às suas ordens.

“Não é dar tiro. ‘Ah, Paulo Sérgio, vamos botar as tropas nas ruas, tocar fogo e metralhar’. Não é isso. Daqui para frente, quero que todo ministro fale o que vou falar aqui. E se o ministro não quiser falar, vai ter que falar para mim por que ele não quer falar… Agora, se não tiver argumentos para me demover do que eu vou mostrar, não vou querer papo com este ministro. Está no lugar errado”, diz.

“Nós sabemos que, se a gente reagir depois das eleições, vai ter um caos no Brasil. Vai virar uma grande guerrilha, uma fogueira, o Brasil. Agora, alguém tem dúvida de que a esquerda, como está indo, vai ganhar as eleições? Não adianta eu ter 80% dos votos. Eles vão ganhar as eleições”, acrescenta o ex-presidente.

Mais adiante no vídeo, Bolsonaro diz saber que não ganhará “guerra de papel e caneta”, e cobra mais contundência nos discursos dos ministros, e diz que fará o mesmo junto a embaixadores.

“A gente tem de ser mais contundente, como vou começar a ser com os embaixadores. Porque, se aparece o Lula com 51% no dia 2 de outubro, acabou. A gente deve reagir ou vai ser um caos. Vai pegar fogo no Brasil”, disse.

Em outro momento da reunião, o ex-presidente informa sobre uma reunião que teria com “metade dos embaixadores” e que, na semana, seguinte falaria com “a outra metade”, bem como autoridades do Judiciário, para mostrar o que, segundo ele, “estaria acontecendo”.

Bolsonaro então levanta suspeitas sobre a atuação dos ministros do STF Edson Fachin, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes: “Os caras estão preparando tudo para o Lula ganhar no primeiro turno, na fraude”.

“Alguém tem dúvida do que vai acontecer no dia 2 de outubro? Qual resultado que vai estar às 22h na televisão? Alguém tem dúvida disso? Aí a gente vai ter que entrar com um recurso no Supremo Tribunal Federal. Vai pra p…. Ninguém quer virar a mesa, ninguém quer dar o golpe. Ninguém quer botar a tropa na rua, fechar isso, fechar aquilo. Mas nós estamos vendo o que está acontecendo. Vamos esperar o quê?”, acrescentou.

As críticas ao STF continuam. “O nosso Supremo aqui é um poder à parte. É um super-supremo. Ele decide tudo. Muitas vezes fora das quatro linhas. Não dá para gente ganhar o jogo com o pessoal atirando tijolo da arquibancada em cima dos jogadores nossos, com juízes que a toda hora dão impedimento. É difícil a gente ganhar o jogo assim”.

Na decisão apresentada pelo STF no âmbito da Operação Tempus Veritatis,, o ministro Alexandre de Moraes diz que a investigação da PF concluiu que a “organização criminosa” atuava em cinco eixos, e que um deles seria dedicado a atacar “as instituições (STF, TSE), o sistema eletrônico de votação e a higidez do processo eleitoral”.

“Na presente representação, a Polícia Federal enumera os núcleos de atuação do grupo criminoso, existentes e atuantes para operacionalizar medidas para desacreditar o processo eleitoral; planejar e executar o golpe de Estado e abolir o Estado Democrático de Direito, com a finalidade de manutenção e permanência de seu grupo no poder”, afirmou o ministro. (Com informações da Agência Brasil

Confira a íntegra do vídeo:

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