As investigações da Polícia Civil de Goiás já revelaram que Leandro Alves da Costa, de 33 anos, preso no último dia 6 de janeiro, a princípio por suspeita de participação de uma garota de programa morta em Aparecida de Goiânia e que teve o corpo ocultado em um matagal no município de Abadia de Goiás, na região metropolitana, na verdade estaria por trás de pelo menos 10 crimes. Ele é suspeito de agredir e matar mulheres no Brasil e no Paraguai.
Leandro Costa, que já trabalhou como fotógrafo na Prefeitura de Senador Canedo, é apontado como o principal suspeito da morte de Deyselene de Menezes Rocha, torturada e morta com 33 facadas em um motel, no último dia 13 de outubro de 2022, em Aparecida de Goiânia.
Costa teria assassinado também uma outra prostituta, adolescente de apenas 15 anos, em Ciudad del Este, no Paraguai, sob circunstâncias muito parecidas, e apenas poucos dias depois. Ele é investigado ainda por outros oito crimes de agressões graves, tortura e estupro, que teriam acontecido a partir de 2014 em Aparecida de Goiânia.
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Carlos Levergger, uma dessas garotas agredidas há 8 anos em Aparecida de Goiânia, explicou que as vítimas eram todas garotas de programa que trabalhavam na região dos motéis, nas proximidades da BR-153, assim como Deyselene, e relataram que foram agredidas, forçadas a manter relação sexual sem preservativo e, em alguns casos, tiveram os rostos desfigurados por ação de objetos cortantes. Segundo o policial, o inquérito enviado à Justiça é “robusto” em termos de provas contra Leandro.
Nas investigações do caso de Deyselene, a polícia conseguiu ter acesso a uma conversa entre a garota de programa e uma colega, momentos antes de ser morta, onde ela se mostra desconfortável com um pedido de Leandro para que ela pratique sexo anal nele. O diálogo termina com um pedido de socorro.
“Socorro, eu nunca fiz isso”, escreveu Deyselene por volta das 7h24 da manhã. A amiga responde com uma risada. Um minuto depois, a vítima volta a escrever: “socorrooooo”.
Em depoimento à polícia, a irmã afirmou que Deyselene foi vista pela última vez por volta das 4h da manhã do dia 12 de outubro, quando deixou seus filhos com ela.
As imagens de câmeras de segurança do motel obtidas pela Polícia Civil mostram o momento em que um Peugeot preto entra no estabelecimento naquela noite. Leandro dirige o carro e Deyselane aparece no banco do carona.
Logo depois, um outro casal chega a pé ao local e se dirige ao mesmo quarto. Eles são Wallace Alves Novais e uma mulher até agora identificada apenas como Helen; eles também são suspeitos de participação no crime.
Já na manhã do dia 13, eles deixam o motel. Helen sai andando, enquanto Leandro e Wallace saem do estabelecimento no automóvel preto, o que chamou a atenção dos investigadores. Deyselene não é mais vista. Para o delegado Arthur Fleury, à frente do inquérito, os indícios dão conta de que o corpo da vítima estava sendo levado no banco de trás.
“Ao observar as câmeras de segurança, verifica-se que no banco de trás do veículo há alguma coisa encoberta por um pano. Percebe-se também que o referido objeto ou pessoa ocupa o banco todo, tanto que não cabe a outra mulher (Helen), que teve que sair a pé do local. Na conta paga no motel por Leandro, há a cobrança de um lençol e um travesseiro, levados por eles”, explica o delegado.
O corpo de Deyselene foi encontrado horas depois em um matagal. Após o crime, Leandro Alves da Costa, que era monitorado por uma tornozeleira eletrônica, porque já respondia por homicídio, estupro e porte ilegal de arma de fogo, rompeu o dispositivo e fugiu. Wallace foi imediatamente preso e, em sede policial, negou participação no crime. Helen ainda não foi encontrada.
No último dia 6 de janeiro, Leandro foi encontrado e preso em Foz do Iguaçu. Através de cooperação internacional com a polícia paraguaia, os investigadores da Polícia Civil de Goiás descobriram que Leandro é suspeito de ter matado, dias depois, uma adolescente de 15 anos, também encontrada com sinais de tortura em um motel, em Ciudad del Este, no Paraguai. O crime aconteceu no dia 3 de novembro, menos de 1 mês depois da morte de Deyselene.