Em meio às dificuldades para definir um nome para concorrer à Prefeitura de Goiânia, a base do governador Ronaldo Caiado (UB) avalia estimular o senador Wilder Morais (PL) a entrar na disputa para prefeito. O candidato do PL em Goiânia é o deputado federal Gustavo Gayer, mas, como em política as coisas podem mudar rapidamente, o nome de Wilder ganhou força nas últimas semanas, diante do esfriamento – ou fritura – da pré-candidatura de Jânio Darrot (MDB), que saiu da seara política para as manchetes policiais.
O principal motivo para a investida da base governista se deve ao fato de Wilder, presidente estadual do PL, ter um perfil considerado mais próximo ao indicado em pesquisas qualitativas para prefeito de Goiânia. As sondagens mostram que o eleitor da capital quer um gestor experiente. Apesar de não ter histórico de cargos executivos na política, exceto secretário de estado, Wilder tem a seu favor sua própria trajetória na iniciativa privada, já que ele orgulha-se de ter começado do nada e se transformado, por competência própria, em empresário de sucesso da construção civil, dono de uma grande construtora.
Nos bastidores fala-se em uma complexa engenharia política que viria a ser montada, caso Wilder aceite a empreitada. Vontade de ser prefeito de Goiânia, ele já externou, inclusive lançou candidatura em 2020, retirada depois para se tornar vice na chapa do candidato a prefeito Vanderlan Cardoso (PSD). O senador do PL não confirmou que foi procurado para discutir esse suposto acordo.
A eleição de governador e senador e possível candidatura de Caiado a presidente da República em 2026 abriria um cardápio de opções, cujo prato principal seria a consolidação de uma ampla frente de direita em Goiás. O problema desse tipo de articulação é que, como depende de resultados eleitorais, caso eles não venham, o que foi combinado também tende a não se concretizar.
Mas em projeções da base governista, Wilder teria grande chance de eleger-se prefeito de Goiânia, já que teria amplo apoio da base governista e partidos importantes no cenário estadual e municipal. Com isso, a primeira suplente dele, Izaura Cardoso (esposa do senador Vanderlan), assumiria o Senado. De olho nessa hipotética composição, Vanderlan abriria mão de candidatar-se a prefeito da capital e, em contrapartida, integraria a chapa governista em 2026, quando Daniel Vilela, presidente do MDB e atual vice-governador, precisará de apoios para disputar o Palácio das Esmeraldas.
Outra vantagem de Wilder se tornar prefeito seria a neutralização de um forte concorrente ao Governo de Goiás em 2026. Como estaria unido à base governista e com menos de dois anos de mandato na capital, ele adiaria o plano de buscar o Governo de Goiás.
Conseguindo esse feito, Caiado teria um cenário extremamente favorável em Goiás para dedicar-se à corrida presidencial em 2026.
Nessa especulação toda, há vários problemas: primeiro e talvez mais simples de se transpor é trocar Gayer por Wilder. Mesmo sendo o pré-candidato do partido, ele é tido com perfil difícil para vencer cargo executivo. Seria facilmente demovido da ideia de buscar a prefeitura.
O problema, de fato, é convencer Wilder a se afastar do mandato de senador, afinal ele assumiu em janeiro de 2023. Mesmo perdendo a eleição em Goiânia, ele continua senador durante os oito anos do mandato, mas, neste caso, pode passar a ser visto como um adesista ao caiadismo – portanto figura menor no cenário estadual. Há ainda que convencer Vanderlan Cardoso a desistir de candidatar-se a prefeito, já que ele e Wilder possuem perfis semelhantes e acredita-se que dividiriam o voto do mesmo eleitorado, o que tornaria a disputa com os dois imprevisível.