Hoje é 7 de setembro de 2024 23:41
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Regulamentação da reforma tributária isenta carnes e inclui teto de 26,5% para IVA

Projeto de lei complementar aprovado incorpora remédios na lista de produtos com imposto reduzido e amplia a cesta básica nacional com isenção tributária
Projeto aprovado pelos deputados regulamenta diversos aspectos da cobrança dos futuros Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), Contribuição Social sobre Bens e Serviços (CBS) e do Imposto Seletivo (IS) // Fotos: Mário Agra/Câmara dos Deputados

O plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (10/7), com 336 votos a favor, 142 contra e duas abstenções, o texto-base do primeiro projeto de lei complementar que regulamenta a reforma tributária sobre o consumo. A versão atualizada do texto inclui uma trava para a alíquota do futuro Imposto sobre Valor Adicionado (IVA), incorpora remédios na lista de produtos com imposto reduzido e amplia a cesta básica nacional com isenção tributária. O texto seguirá agora para análise no Senado Federal.

Por meio de um destaque, carnes (de qualquer tipo), peixes, queijos e sal foram adicionados à lista de alimentos com isenção tributária. O destaque para isentar carnes e proteínas animais foi aprovado por 477 votos a favor, três contra e duas abstenções, após iniciativa do PL, principal partido de oposição.

Embora articulada pela bancada ruralista e pela indústria de alimentos, a isenção foi acatada pelo relator do projeto de lei, deputado Reginaldo Lopes (PT/MG), e recebeu apoio da líder do PT na Câmara, deputada Benedita da Silva (RJ).

“A inclusão de proteínas na cesta básica das pessoas mais vulneráveis é um objetivo há muito defendido pelo presidente Lula”, afirmou a parlamentar.

Anteriormente, conforme proposto pelo governo, as carnes estavam na lista de produtos com alíquota reduzida para 40% da alíquota original, pagando 10,6% ao invés de 26,5%. Agora, estarão totalmente isentas de impostos.

Antes das carnes e dos queijos, o relator tinha incluído, de última hora, óleo de milho, aveia e farinhas na cesta básica nacional, que não pagará IVA. Ele também incluiu pão de forma e extrato de tomate nos produtos com imposto reduzido. Antes da votação do destaque da carne, a Câmara derrubou dois destaques, um que buscava introduzir incentivos para a construção civil e outro que buscava incluir armas e munições na cobrança do Imposto Seletivo, também chamado imposto do pecado.

Lopes também aumentou a lista de medicamentos com alíquota reduzida para 40% da alíquota cheia. O texto original do governo previa uma lista de 343 princípios ativos com isenção de imposto e 850 com alíquota reduzida. O texto aprovado ampliou a lista de alíquotas reduzidas para todos os medicamentos com registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e os medicamentos produzidos em farmácia de manipulação.

Atendendo à bancada feminina, o relator incluiu o Dispositivo Intrauterino (DIU), tipo de método anticoncepcional, na lista de dispositivos médicos com IVA reduzido. Anteriormente, Lopes tinha inserido itens de higiene menstrual, como absorventes, tampões higiênicos, coletores menstruais e calcinhas absorventes, na lista de produtos com de impostos, em vez de alíquota reduzida, como no projeto original.

Aumento do cashback e limite no IVA

O cashback, mecanismo de devolução de imposto à população mais pobre, também foi ampliado. O projeto original previa a devolução de 100% da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS, tributo federal) e 20% do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS, imposto estadual e municipal) na compra de gás; 50% da CBS e 20% do IBS no pagamento das contas de luz, de água e esgoto; e 20% da CBS e do IBS sobre os demais produtos. A versão aprovada eleva de 50% para 100% a devolução da CBS sobre as contas de energia elétrica, água, esgoto e gás natural.

Na terça-feira (9), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a inclusão das carnes na lista de produtos isentos aumentaria o Imposto sobre Valor Adicionado (IVA) em 0,53 ponto porcentual, o que faria a alíquota média passar de 26,5% para 27,03%, a maior do mundo para esse tipo de imposto, superando a da Hungria, que cobra 27%. O Banco Mundial calcula um impacto de 0,57 ponto percentual.

Os deputados decidiram travar a alíquota em 26,5% a partir de 2033, quando acabar a transição dos tributos atuais para o IVA. Com a limitação do futuro imposto, o governo, perderá receitas no longo prazo. Segundo o texto aprovado, se a alíquota ultrapassar o teto, o governo será obrigado a elaborar, em conjunto com o Comitê Gestor do IBS, um projeto de lei complementar com medidas para diminuir a carga tributária.

A trava é mais profunda que a instituída na emenda constitucional da reforma tributária, aprovada em dezembro do ano passado. A emenda à Constituição tem um teto para evitar o aumento da carga tributária do país (medida pela relação entre a arrecadação de impostos e o Produto Interno Bruto) na comparação com a carga atual, o que permitia ao Congresso criar exceções e regimes especiais, em troca do aumento da alíquota cheia, de 26,5%. A nova trava inserida na regulamentação limita a alíquota média do IVA, obrigando o governo a reduzir a carga tributária no futuro.

O texto aprovado também permite que as empresas recebam créditos tributários de planos de saúde coletivos previstos em convenção, prática vedada no projeto original. Outra inclusão foi a de planos de saúde de animais domésticos, com alíquota reduzida em 30%.

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