Hoje é 22 de novembro de 2024 13:39

Polícia Civil investiga fraudes em laboratório de Goiânia

Empresa com sede em Goiânia era habilitada para fazer mais de oito mil tipos de exames; polícia já constatou que 94 laudos foram emitidos com resultados falsos
Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão contra a empresa de exames laboratoriais nas cidades de Goiânia, Senador Canedo e Nova América: empresa funcionava desde 2017 // Foto: Divulgação/PCGO

A Polícia Civil de Goiás (PCGO), em conjunto com a Vigilância Sanitária, deflagrou na manhã desta segunda-feira (29/4) uma operação com objetivo de cumprir três mandados de busca e apreensão em investigação contra empresa de exames laboratoriais em Goiânia, Senador Canedo e Nova América. O laboratório Vida, localizado no Setor Coimbra em Goiânia, é suspeito de emitir resultados de exames sem que, de fato, a análise do material coletado dos pacientes tenha sido feita.

Segundo informações preliminares, com base em relatório de auditoria da Vigilância Sanitária do Município de Goiânia, apenas no mês de janeiro de 2024 o laboratório alvo da investigação emitiu 94 laudos de exames de urocultura (exame de urina) e coprocultura (fezes), ambos para identificação de bactérias, em desacordo com a legislação sanitária.

As investigações apontam que os resultados dos exames laboratoriais eram entregues à população sem que o laboratório dispusesse dos equipamentos necessários para realização das análises. Os responsáveis pelo laboratório também não terceirizavam as amostras biológicas para estabelecimentos parceiros.

“De acordo com o relatório da Vigilância Sanitária do município de Goiânia, e após as diligências que realizamos junto a laboratórios parceiros, verificou-se que os resultados da urocultura e da coprocultura eram emitidos de maneira aleatória, isto é, os pacientes entregavam as amostras biológicas, obtinham o resultado de eventuais infecções de fezes ou de urina, mas a maioria dos resultados eram negativos”, explica a delegada Débora Mello, da Delegacia de Defesa do Consumidor.

Ainda segundo a polícia, o laboratório atendia empresas particulares e pessoas que iam até a empresa querendo um exame. Muitos exames eram de idosos de um asilo e de clínica de medicina do trabalho.

A delegada orienta quem realizou exame no referido laboratório a procurar a polícia, caso tenha alguma suspeita de possível irregularidade.

“A Delegacia do Consumidor chama essas pessoas pra registrar a ocorrência, caso tenham se sentido lesadas. É importante frisar que as fraudes constatadas, até o momento, as 94 fraudes, referem-se a exames de urocultura e coprocultura, mas esse laboratório oferecia a realização de mais de 8 mil tipos de exames. Então, uma vez que a vigilância sanitária já constatou tantas irregularidades no que se refere ao controle de qualidade desses exames realizados, nós não descartamos a possibilidade de haver fraudes em relação a outros tipos de exames”, acrescenta Débora Melo.

As condutas investigadas podem configurar crimes contra a saúde pública, a fé pública e contra as relações de consumo, com penas que ultrapassam dez anos de reclusão.

Empresa não tinha convênio com SUS e atendia particulares

O laboratório investigado, que funcionava na Rua 220, no Setor Coimbra, em Goiânia, hoje está fechado. A polícia apreendeu documentos, computadores e materiais usados para coletar amostras de sangue para fazer exames. A história chegou até a Polícia Civil depois que a Vigilância Sanitária de Goiânia foi checar uma denúncia de que os funcionários do Laboratório Vida não usavam, por exemplo, luvas para coletar materiais genéticos.

Ao chegar até o laboratório, a Vigilância constatou também que a empresa não tinha maquinários específicos para realizar vários exames e que também não terceirizava esses serviços. Ainda assim, os resultados eram emitidos.

“Isso coloca em risco a saúde pública no que se refere à integridade física da pessoa que queria saber se possui uma infecção com bactéria e não tem como saber. E também a saúde pública porque essa esse laboratório atendia várias clínicas de medicina do trabalho”, afirma a delegada Débora Melo.

O laboratório funcionava desde 2017 e oferecia mais de 8 mil tipos de exames. Não tinha convênio com SUS e nem planos de saúde e a clientela era particular. Além das incongruências relacionadas a esses 94 exames, a Vigilância Sanitária constatou diversas outras irregularidades no que se refere ao controle de qualidade de qualquer tipo de exame feito por esse laboratório.

Então, assim, ele oferecia uma gama de mais de 8 mil tipos de exames. E, embora a investigação inicialmente seja relacionada à coprocultura e urocultura, nós não descartamos, com a avançada investigação, a identificação de outras frases relacionadas a outros tipos de exames,

A reportagem não conseguiu contato com a defesa da empresa citada.

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