Como tinha prometido, o vereador André Fortaleza (MDB), presidente da Câmara Municipal, foi à festa de aniversário de 101 anos de fundação de Aparecida de Goiânia, no fim de semana passado, para fiscalizar especialmente o contrato da Cufa/Goiás (Central Única das Favelas) com a prefeitura, que repassou R$ 1,890 milhão à entidade. Ele afirma que encontrou situações suspeitas, mas espera explicações do prefeito, para, só então, se for o caso, denunciar o ocorrido.
Este ano, Fortaleza não participou oficialmente do Aparecida é Show, nome da festa, que conta com rodeio e shows musicais de artistas contratados. E explica o motivo: “Não participei por não concordar da forma que foi realizado, com os gastos, que chegam a quase R$ 5 milhões”.
Entre as supostas irregularidades, o presidente da Câmara afirma que chamou a sua atenção a presença de integrantes das forças de segurança pública, Guarda Municipal, Polícia Militar no evento.
“Mesmo a Cufa tendo, no plano de trabalho dela, incluído seguranças”, diz.
“Estamos levantando tudo e vamos oferecer denúncia (ao Ministério Público), até porque é nossa função, mas só farei isso depois da prestação de contas do prefeito Vilmar Mariano. Se os esclarecimentos dele forem suficientes para sanar as dúvidas, estaremos aí pondo um ponto final no assunto”, afirmou André Fortaleza ao falar com a imprensa na quarta-feira (17/5).
Para Fortaleza, não faz sentido a prefeitura ter contratou a Cufa para prestar serviços e destacar servidores municipais para trabalhar para a entidade.
“Eu prezo todas as instituições que realmente fazem e promovem a caridade, o assistencialismo, mas esse processo que a Cufa está à frente aqui em Aparecida de Goiânia ficou muito a desejar, um absurdo. O pessoal não foi contratado, foi convocado a ir trabalhar com a camiseta da Cufa”, diz.
“Estivemos lá acompanhando, principalmente nos serviços que a Cufa diz que ofertaria. Os serviços foram muito mal ofertados à população e, pelo que pude constatar, foi de péssima qualidade, até com pessoas não qualificadas fazendo exames oftalmológicos”, pontuou.
‘Aparecida não anda tendo motivos para comemorar’
Durante a entrevista, André Fortaleza (foto), que lidera um grupo de oposição ao prefeito no Legislativo, afirma que investigou o valor gasto para fazer o bolo de aniversário de 101 anos de fundação da cidade. E adianta que encontrou “absurdos”, supostamente superfaturamento no valor gasto.
“Já investigamos e constatamos aí esse absurdo”, disse, sem aprofundar no assunto.
O vereador voltou a falar que Aparecida de Goiânia “não anda tendo muitos motivos para comemorar”, daí a razão dele ser contrário à realização da festa de aniversário.
“Eu creio que se o dinheiro fosse investido em obras ou até mesmo em assistência básica em Aparecida, o povo estaria sendo melhor contemplado”, argumenta.
O vereador Zé Filho (PSDB) também reclamou da realização da festa, alegando que o dinheiro poderia ser usado em outras áreas mais urgentes.
Gleison Flávio (MDB) também reclamou do gasto com o evento.
“A bagatela gasta nesse evento não foi de R$ 1,890 milhão, ultrapassou a R$ 4 milhões”, afirma, citando também os cachês dos artistas e gasto com publicidade.
Gilsão: ‘Estive na festa e vi um evento muito bem organizado’
Em sentido oposto às críticas da oposição, outros vereadores elogiaram a realização do Aparecida É Show. Gilsão Meu Povo (MDB, foto), por exemplo, disse que esteve no evento no sábado e não viu motivos para reclamar.
“Eu estive na festa e vi um evento muito bem organizado. A gente vê que o povo aparecidense gosta, é uma festa de tradição, não é da Câmara nem do Vilmar, é a festa da cidade”, afirmou o parlamentar.
Na opinião dele, sempre pode ocorrer algum transtorno, por se tratar de um evento muito grande: “Nunca se faz um evento daquela grandeza com tudo 100% perfeito. Então o Aparecida É Show é show mesmo”, defendeu.
Sobre as críticas de colegas de Câmara à festa, ele diz que “cada um fala o que quer e o que acha” e que tudo deve ser apurado e ao final as dúvidas serão esclarecidas.
“O comércio no evento e também em bairros vizinhos não teve o que reclamar, todos os comércios lotados”, acrescentou.
No mesmo sentido, o secretário da Fazenda, Einstein Paniago, que esteve na Câmara para justificar a ausência do prefeito e pedir nova data para prestação de contas referente ao primeiro quadrimestre de 2023, disse que a festa é muito benéfica para a economia do município.
“O que posso garantir é que o que foi investido este ano no Aparecida é Show teve o retorno em ISS [Imposto Sobre Serviços] e ICMS mais do que o dobro do investido”, pontuou.