Hoje é 21 de novembro de 2024 13:35

Mulheres do Movimento sem Terra ocupam fazenda em Hidrolândia; Caiado critica ‘invasão’

Ação cobra que a área, incorporada ao patrimônio da União desde 2016, seja destinada para Reforma Agrária; governador Ronaldo Caiado criticou a ocupação
Cerca de 600 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra chegaram ao local na segunda-feira (24/7): elas pedem agilidade na reforma agrária no estado de Goiás // Foto: reprodução/MST

A fazenda São Lukas, no município de Hidrolândia, voltou a ser ocupada por cerca de 600 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), nesta segunda-feira (24/7). Os sem-terra reivindicam que a área seja destinada a assentamento da reforma agrária e cobram que do Governo federal a regularização da situação de três mil famílias acampadas em Goiás.

Esta é a segunda vez que o MST ocupa o latifúndio, que possui mais de 678 mil metros quadrados. A primeira foi em 25 de março deste ano, como parte da Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra.

O local foi escolhido por já ter sido sede de um esquema de exploração sexual e tráfico internacional de pessoas. As principais vítimas eram mulheres pobres das cidades de Anápolis, Goiânia e Trindade, que eram traficadas para a Suíça. O esquema durou cerca de três anos.

Segundo o MST, a área ocupada integra o patrimônio da União desde 2016, sete anos após um grupo de 18 criminosos, condenado em 2009 pelos referidos crimes, ter perdido a propriedade.

No fim de maio, o governo federal chegou a assinar o Termo de Transferência de Domínio Pleno de Imóvel rural da fazenda São Lukas, manifestando interesse em destinar a área à reforma agrária. A guarda da propriedade, então, saiu da Secretaria de Patrimônio da União (SPU) e passou ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

“Exigimos que a fazenda São Lukas seja utilizada para fins da Reforma Agrária. Nele vamos superar o histórico de exploração e vamos usá-lo para produzir alimentos e alimentar pessoas que passam fome”, disse, em nota, a direção estadual do MST de Goiás.

“Acreditamos que a terra não pode ser usada para exploração. Sejam humanos ou aquelas explorações que destroem a terra através do uso de pesticidas, monoculturas, uso intensivo de água, apropriação dos bens comuns da natureza”, disse, em nota, a direção estadual do MST de Goiás.

“Estamos lutando hoje para dizer ao governo que há mais de três mil famílias sem-terra em situação de fome. E queremos que isso seja combatido”, diz Elaine Alves da Silva, da direção do MST em Goiás.

“Estamos há 10 anos aqui no estado sem conquistar nenhuma área. Nem a União, nem a área da desapropriação”, relata.

Caiado critica ocupação: ‘Reforma Agrária tem de ser feita dentro da lei’

Governador Ronaldo Caiado sobre ocupação da fazenda São Lukas, em Hidrolândia: “Invasões assim não resolvem o problema, não asseguram renda digna às famílias que estão lá” // Foto: Secom

O governador Ronaldo Caiado criticou o que chamou de “invasão” à fazenda São Lukas, em Hidrolândia, pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A ação foi realizada na última segunda-feira (24/7), por cerca de 600 famílias do MST, com autorização do próprio Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), hoje responsável pela propriedade.

“Reforma Agrária tem de ser feita dentro da lei, com planejamento que permita às famílias assentadas produzirem com qualidade, garantindo assim o seu sustento”, afirmou Caiado em seu perfil nas redes sociais.

A destinação da propriedade rural para famílias sem-terra foi definida pelo Governo Federal, mas, na opinião do governador, a ocupação ocorre de forma precipitada, antes dos encaminhamentos legais e sem o planejamento adequado.

“Invasões assim não resolvem o problema, não asseguram renda digna às famílias que estão lá. Servem muito mais para fomentar a desordem”, avaliou o governador, ao lamentar a situação precária em que as pessoas serão submetidas no local, sem estrutura adequada como água tratada e alimentação.

O aval do Governo Federal para ação do MST não interfere, segundo Caiado, na política adotada pelo Governo de Goiás.

“Faço questão de informar que as áreas públicas e particulares no Estado de Goiás não sofrerão invasão. Em Goiás, continuará prevalecendo a ordem e o princípio de direito à propriedade privada”, reforçou.

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