O hacker Walter Delgatti Neto disse em depoimento à Polícia Federal que a deputada federal Carla Zambelli (PL/SP) pediu para que ele invadisse as urnas eletrônicas ou a conta de e-mail e telefone do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo informações do blog da jornalista Andréia Sadi, no portal G1, o pedido teria sido feito em setembro do ano passado, em São Paulo.
Delgatti ficou conhecido por ter vazado conversas do celular do ex-juiz Sérgio Moro (atual senador pelo União Brasil) e de procuradores da força-tarefa da Lava-Jato no Paraná, comandada por Deltan Dallagnol. O escândalo que mostrou relações promíscuas entre o juiz federal e representantes do Ministério Público Federal ficou conhecido como Vaza-Jato e foi fundamental para mudança do posicionamento do STF em relação às condenações de Moro contra Lula (PT).
De acordo com o G1, Delgatti relatou à PF que não conseguiu acessar o sistema das urnas eletrônicas e nem o celular de Moraes. O hacker também afirmou que não havia nada “comprometedor” na conta do e-mail do ministro – a qual teve acesso em 2019, quando invadira aplicativos de outras autoridades e foi preso.
Após ser colocado em liberdade, Delgatti foi preso novamente em junho deste ano, por descumprir determinações judiciais ao acessar a internet — a Justiça proibiu o hacker de manter atividades on-line. Ele voltou à prisão por risco de que ele repetisse as ações criminosas anteriores, que o levaram a ser acusado pelo Ministério Público.
Delgatti é investigado desde 2019 pela PF no âmbito da Operação Spoofing, que apura a invasão do celular de autoridades por um grupo hacker. Parte do conteúdo foi repassado à época pelo hacker a jornalistas do The Intercept e influenciaram nas anulações de processos contra Lula, que atualmente não responde mais ações da Lava-Jato na Justiça.