Diante do aumento dos focos de queimadas em Goiás, agravados pela seca prolongada, o governo estadual anunciou, nesta terça-feira (27/08), a criação de uma força-tarefa composta por órgãos de fiscalização e entidades rurais para combater os incêndios. O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) destacou a urgência das medidas, sobretudo pelo período de estiagem, que deve se prolongar até o mês de setembro.
“A capacidade de um incêndio progredir é altíssima, e isso está gerando prejuízos significativos ao meio ambiente, à indústria e aos produtores”, afirmou Caiado, durante uma reunião estratégica sobre o tema. Ele também alertou para o aumento dos casos em comparação ao ano passado: somente em agosto de 2024, Goiás registrou o dobro de incêndios em relação ao mesmo mês de 2023.
A força-tarefa conta com a participação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil e de diversas entidades do setor agropecuário e industrial, como a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e a Organização das Cooperativas Brasileiras de Goiás (OCB-GO). A estratégia envolve o compartilhamento de dados sobre focos de incêndio e o uso de tecnologias avançadas para monitoramento em tempo real.
Durante a reunião, a secretária da Semad, Andréa Vulcanis, apresentou um sistema de monitoramento com dados de 15 satélites. Dessa forma, seria possível acompanhar e detectar focos de incêndio quase que instantaneamente, enviando alertas aos brigadistas via WhatsApp. “Dentro das unidades de conservação, temos uma resposta de emergência de, no máximo, dez minutos, o que já reduziu os incêndios em 80%”, afirmou Vulcanis.
O subcomandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Pablo Lamaro Frazão, destacou o papel fundamental do trabalho integrado para o sucesso das operações. “Tem mais de dois anos que não temos grandes incêndios nas áreas de preservação ambiental, graças a esse trabalho conjunto”, explicou o coronel, ressaltando que o efetivo de bombeiros tem sido suficiente devido à eficiência e agilidade nas ações de combate.
Nova legislação contra queimadas
Caiado anunciou a elaboração de um projeto de lei, que será enviado à Casa Civil, para enrijecer a punição contra quem iniciar queimadas. Atualmente, a legislação brasileira já prevê penas de reclusão de dois a quatro anos e multa, mas o governador pretende ser ainda mais rigoroso. “É inaceitável que essas pessoas se beneficiem pela falta de legislação em uma situação tão emergencial. Seremos muito mais duros em relação ao assunto”, declarou.
Segundo o BDQueimadas, painel de monitoramento de queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Goiás já registra 978 focos de incêndio em agosto, o segundo maior número desde 2018. O estado representa 1,9% das queimadas no Brasil, ficando atrás de Mato Grosso, Pará e Amazonas, que lideram o ranking.
Além das ações de combate e da nova legislação, o governador enfatizou a importância da conscientização da população, já que 90% dos incêndios têm origem em atividades humanas, como o uso do fogo para limpeza de terrenos e descarte inadequado de lixo. O trabalho preventivo e educativo será intensificado nos próximos meses, com o apoio de todos os órgãos envolvidos na força-tarefa.
