O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, criticou nesta quinta-feira (6/6) a proposta do governo federal, em portaria do Ministério da Justiça e Segurança Pública, de instalar câmeras em fardas policiais. A declaração foi feita durante o Seminário Internacional sobre Segurança Pública, Direitos Humanos e Democracia, em Brasília, em resposta à defesa do uso do dispositivo pelo secretário Nacional de Segurança Pública, Mário Luiz Sarrubbo.
“Com todo respeito ao secretário, eu não vou botar câmera em policial. Quem tem que ter câmera é quem está no semiaberto, quem usa tornozeleira e quem está dentro das penitenciárias”, afirmou Caiado. Ele destacou que, ao invés disso, o que deve ser feito é “ampliar o trabalho de uma corregedoria austera”.
Caiado participou do painel de abertura do seminário, que discutiu um plano de combate às organizações criminosas no Brasil. Durante sua exposição, ele detalhou como a segurança pública em Goiás conseguiu reduzir todos os principais índices de criminalidade nos últimos anos, enfatizando o trabalho integrado, a autonomia para agir e a separação de facções nos presídios.
O governador também apontou a articulação de narcotraficantes como um dos maiores desafios enfrentados pelo Brasil.
“Estamos tratando de algo que põe em risco a economia do país e a vida das pessoas. E, de repente, querem desviar o assunto”, disse ele.
Caiado questionou a eficácia da medida proposta pelo governo federal: “Não consigo interpretar essa lógica de que a câmera no policial é o fator que vai inibir o narcotráfico de agir da maneira como está agindo”, concluiu.
‘Separei facções, isolei comandos’
Caiado também chamou o Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) de “factoide”, referindo-se à dificuldade de conseguir apoio financeiro do governo federal para execução de projetos na área. Apesar disso, segundo ele, Goiás tem se destacado no cenário nacional pelo combate ao crime.
“Aqui, bandido é pra cumprir pena. Faccionado e estuprador não têm direito a visita íntima. Ponto final. Separei facções, isolei comandos. A criminalidade teve uma queda vertical, porque é lá [nos presídios] o grande escritório do crime”, relatou.
“A falta de segurança afeta a vida e o patrimônio das pessoas”, enfatizou o governador ao estabelecer uma relação direta entre a boa avaliação de sua gestão e o trabalho da polícia goiana, que, voltou a dizer, devolveu a paz à população.
“Goiás hoje é referência porque as pessoas têm liberdade plena em todo o território estadual. Não estou desenhando histórias, estou trazendo a realidade implantada em Goiás”, comentou.
O painel teve a participação do ex-ministro da Defesa e da Segurança Pública Raul Jungmann e do ex-ministro da Justiça Tarso Genro, que contribuiu com o debate de forma remota. O presidente do Instituto para a Reforma das Relações entre Estado e Empresa (Iree), Walfrido Warde, foi o moderador.
A participação de Caiado abriu as atividades do seminário, uma realização do Iree e do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP). Ao longo de dois dias, 6 e 7 de junho, o evento vai reunir acadêmicos e autoridades públicas do Brasil e do exterior para debater segurança pública.