O governador Ronaldo Caiado iniciou na última quarta-feira, 1º, missão oficial para a China, para a consolidação de uma série de acordos construídos ao longo dos últimos meses. Porém, ainda no aeroporto após receber um vídeo em que o desembargador do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), Adriano Roberto Linhares Camargo, pede o “fim da Polícia Militar”, o governador se pronunciou por meio de vídeo publicado em sua rede social.
“Sei que o Tribunal de Justiça de Goiás não tem nenhuma conivência com sua fala, que deve ser avaliada pelo Conselho de Ética, que deve lhe impor o impeachment, porque você não tem qualidades mínimas para responder com o título de desembargador. Você não está vestido com a liturgia do cargo. Você é desrespeitoso, agressivo, inconsequente”, disse o governador em um trecho de sua resposta ao desembargador.
A crítica do magistrado se deu no contexto do julgamento de um caso de Aparecida de Goiânia em que uma abordagem da Polícia Militar na casa de um homem apontado como suspeito de crime, aconteceu sem autorização judicial. Adriano critica o que considera “abusos recorrentes” e cita como exemplo casos anteriores do trabalho da PM-GO.
“Aqui vai uma reflexão pessoal: para mim, tem de acabar com a Polícia Militar. Para mim. E instituir uma forma diferente de atuação na área de investigação e repressão ao crime. […] A PM de Goiás é invisível. Vejam nos jornais a quantidade de confrontos e ninguém leva um tiro. Morrem quatro, cinco, seis. Não é por preparo, não. Nós sabemos por que é”, disse o desembargador em trecho do vídeo da audiência.
Caiado afirmou que irá acionar o procurador Geral do Estado de Goiás para construir documento consistente com o objetivo de acionar a corregedoria do TJ-GO na intenção de provocar o impeachment de Adriano Camargo, que é desembargador recém-empossado no tribunal. “Respeite a Polícia Militar do Estado de Goiás, que está sob meu comando, entendeu bem? Sob o meu comando, está bem? Quem responde por ela sou eu. Se você tem alguma crítica a fazer, faça ao governador. Tá bom?”, indagou.
Em entrevista a um jornal da capital, o desembargador lamentou o mal-estar causado por suas declarações. “Não tive nenhuma intenção de atingir a quem quer que seja, absolutamente. Apenas estava ponderando sobre episódios que me inquietam. Apenas isso. Lamento o mal-estar que causou e espero que possa ser superado o mais rápido possível”, declarou.
Em nota à imprensa a PM-GO repudiou as falas do magistrado. Também por nota o TJ-GO afirmou que a “O Poder Judiciário estadual, que é representado pelo Presidente do Tribunal de Justiça (Carlos Alberto França), tem em elevado conceito a Polícia Militar de Goiás, que historicamente, tem prestado relevantes serviços à população goiana”. A Associação de Magistrados do Estado de Goiás (Asmego) afirmou que “não se posiciona acerca de decisões proferidas por juízes e desembargadores”.