A Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (Deccor) da Polícia Civil de Goiás cumpriu, na manhã desta quinta-feira (19/10), em Goiânia e Aparecida de Goiânia, 15 mandados de busca e apreensão em desfavor de servidores e ex-servidores da Câmara e da prefeitura de Aparecida de Goiânia. Também foram alvo empresas e sócios de empresas investigadas.
“A investigação apura fraudes em licitação para construção de nova sede do Legislativo de Aparecida de Goiânia”, informou a assessoria de comunicação da Polícia Civil, em breve nota.
A investigação apura fatos relativos a gestões anteriores da Câmara, quando a obra foi licitada e iniciada.
“A investigação apura fraude licitatória e fraude na execução do contrato oriundo dessa licitação. A fraude diz respeito a um direcionamento na contratação de uma empresa, porém quem executou os serviços foi outra empresa”, informou o delegado Alexandre Otaviano da Deccor.
Além das buscas e apreensões de documentos e objetos que possam servir de provas, até o momento foi realizado bloqueio de bens e valores de investigados correspondente à quantia de R$ 1,045 milhão. A operação é denominada Dose Dupla.
Informações preliminares dão conta de que entre os alvos está o ex-prefeito Gustavo Mendanha e o primo dele Davi Mendanha Lorero, secretário de Desenvolvimento Urbano da Prefeitura de Aparecida de Goiânia. Os demais seriam servidores e ex-servidores da Câmara Municipal e/ou da Prefeitura de Aparecida de Goiânia, além de empresas e empresários.
A obra da nova sede da Câmara Municipal foi iniciada há cerca de quatro anos, quando era presidente do Legislativo o atual prefeito, Vilmar Mariano. Davi Mendanha era o procurador-geral da Câmara Municipal.
Outro lado: ex-prefeito acredita em possível ‘erro processual’
O ex-prefeito Gustavo Mendanha (foto) informou que vai se inteirar do assunto para se posicionar de modo mais específico sobre o caso. Em uma live, em suas redes sociais, o político disse acreditar que possa ter sido alvo de um “erro processual”, pois era prefeito à época dos fatos investigados.
Ele também se manifestou por meio da assessoria. O ex-prefeito alega que “não possui qualquer relação com o fato investigado”. E se coloca à disposição dos órgãos judiciários para colaborar com qualquer investigação.
“A operação busca irregularidades na administração da Câmara de Vereadores de Aparecida de Goiânia em 2018, dois anos após a saída de Mendanha da presidência do Legislativo. Na ausência de qualquer relação de envolvimento com o processo investigado, o ex-prefeito aguarda os autos do processo judicial para entender o motivo da busca e apreensão em sua residência”, informou Mendanha por meio da assessoria.
Em nota, a Prefeitura de Aparecida de Goiânia se limitou a afirmar que “a busca e apreensão realizada pela Polícia Civil na manhã desta quinta-feira, 19, a Prefeitura de Aparecida esclarece que o fato investigado não tem relação com a gestão do Poder Executivo municipal”.
Também por nota, a Câmara Municipal informou que os fatos sob investigação “não guardam relação com a atual gestão desta Casa Legislativa. Tais acontecimentos se referem a administrações passadas”.
Secretário se posiciona sobre investigação
O secretário Davi Mendanha (foto) divulgou a seguinte nota no início da tarde:
“Sempre estive à disposição das autoridades para esclarecer qualquer ato público que tomei à frente da Procuradoria Geral da Câmara Municipal de Aparecida, entre 2017 e 2020, e também como secretário municipal de Desenvolvimento Urbano, porque pauto a minha atuação no setor público pelos princípios constitucionais da legalidade, moralidade, eficiência.
Em relação ao fato investigado pela Polícia Civil, não há qualquer irregularidade na execução das obras da nova sede da Câmara, no período em que trabalhei como Procurador Geral do Poder Legislativo, estou tranquilo e provarei isso no decorrer das investigações.”