O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu nesta quinta-feira (7/11) redução das tensões no país e assegurou uma “transição pacífica e organizada” de poder. Ele buscou tranquilizar sua base, que enfrenta um momento de acusações mútuas, e enviou recados a Donald Trump para reafirmar a credibilidade do sistema eleitoral americano.
“Conversei com o presidente eleito Trump para felicitá-lo por sua vitória e assegurei que direcionaria todo o meu governo a colaborar com sua equipe, com o objetivo de garantir uma transição pacífica e organizada. É isso que o povo americano merece”, declarou Biden.
Em sua primeira mensagem ao povo americano após a eleição que confirmou a vitória de seu adversário, e depois de uma campanha marcada por episódios de violência e até por uma tentativa de assassinato, Biden pediu que a “temperatura seja diminuída” e que os apoiadores vejam uns aos outros como americanos, não como inimigos.
Biden superou Trump nas eleições de 2020 e era, até meados deste ano, o candidato dos democratas para mais um mandato. No entanto, sua condição de saúde e o desempenho fraco nos debates levaram o partido a pressioná-lo para abandonar a corrida.
Entre os democratas, a derrota de Kamala Harris trouxe uma onda de críticas a Biden, argumentando que ele deveria ter se retirado da campanha mais cedo, permitindo à vice-presidente mais tempo para viajar pelo país. Embora a apuração dos votos ainda esteja em andamento, até a tarde desta quinta-feira (7), Kamala tinha 13 milhões de votos a menos do que Biden obteve em 2020.
O presidente confirmou que ligou para Trump e o convidou a visitar a Casa Branca. Esse gesto é parte de um protocolo que, na prática, inicia o processo de transição.
A postura de Biden contrasta com o comportamento de seu oponente. Em 2020, o republicano recusou-se a reconhecer a derrota, dificultou a transição e sequer compareceu à posse de Biden.
Agora, Biden enfatizou que os americanos merecem essa “transição pacífica e organizada”.
“Por mais de 200 anos, os Estados Unidos mantiveram o maior experimento de autogoverno na história mundial”, afirmou Biden.
“Isso não é exagero. Isso é um fato. Um lugar onde as pessoas votam e escolhem seus próprios líderes, e fazem isso de maneira pacífica. E vivemos em uma democracia. A vontade do povo sempre prevalece”, destacou Joe Biden.
Biden, que viajará ao final do mês para a cúpula do G20 no Brasil, também defendeu seu legado e apontou que os impactos de suas políticas começarão a se fazer sentir em breve para a maioria dos americanos.
Mensagens direcionadas a Donald Trump
Biden também enviou mensagens a Trump, que passou meses colocando o sistema eleitoral em dúvida. No próprio dia da votação, terça-feira (5), o então candidato apontou supostas “fraudes” no voto, sem apresentar qualquer prova. Elon Musk, dono da plataforma X, compartilhou teorias conspiratórias sobre a eleição, atingindo uma audiência de 2 bilhões de visualizações.
Durante seu discurso, o presidente Biden reafirmou a “integridade do sistema eleitoral americano”, destacando que “é honesto, é justo e é transparente”.
“Podemos confiar nele, ganhando ou perdendo”, afirmou.
O democrata também expressou gratidão aos funcionários eleitorais que “assumiram riscos”.
“Podemos restaurar o respeito por todos os nossos funcionários eleitorais que se dedicaram e assumiram riscos desde o começo. Devemos agradecê-los, agradecer por estarem nos locais de votação, por contarem os votos, por protegerem a própria integridade da eleição”, disse.
“Muitos deles são voluntários que fazem isso simplesmente por amor ao seu país, e, assim como eles cumpriram seu dever como cidadãos, eu cumprirei meu dever como presidente”, acrescentou.