Hoje é 21 de novembro de 2024 23:03

Psicóloga é presa por chamar técnico de futebol de ‘macaco’

Defesa da investigada alega que sua fala foi mal interpretada e que ela não teve intenção de ofender a vítima
Marido da suspeita afirmou que ela sofreu perseguição por ser bonita e bem-sucedida quando foi detida em flagrante // Foto: Reprodução

Uma psicóloga foi presa no sábado (2/11) em Goiânia por suspeita do crime de racismo. Conforme informado pela Polícia Civil, ela estava em uma partida de futebol infantil em que seu filho jogava quando chamou o técnico do time adversário de ‘macaco’.

Um vídeo gravado por testemunhas mostra a mulher tentando justificar sua fala antes de sair do local, afirmando que três jogadores estavam na frente do técnico enquanto ele se movimentava.

“E eles, os técnicos, ficam gesticulando, né? E eu falei assim: ‘ah porque, ah lá, óh, eles ficam parecendo macaco’. Aí ele está achando que eu falei contra a pessoa dele, contra a pele dele”, disse no vídeo.

A vítima acionou a Central de Flagrantes da Polícia Civil, que foi até a casa da suspeita no Setor Marista. Segundo o delegado Humberto Teófilo, o marido da psicóloga afirmou que ela estaria sofrendo perseguição por ser bem-sucedida e bonita quando foi detida.

A mulher foi presa em flagrante por racismo e, se condenada, pode cumprir de 2 a 5 anos de prisão pelo crime, que é inafiançável. O advogado Carlos Márcio Rissi Macedo afirmou à imprensa que não concorda com a prisão. Ele alega que as palavras da cliente foram mal interpretadas. Segundo ele, a mulher disse aquilo em um momento de irritação e não teve a intenção de ofender a vítima.

A suspeita passou por audiência de custódia nesse domingo (3/11) e foi liberada. Na decisão o juiz proibiu a investigada de frequentar qualquer evento esportivo, de manter contato com a vítima e de se manifestar sobre o caso na internet.

O Conselho Regional de Psicologia manifestou repúdio contra qualquer tipo de preconceito e ressaltou o dever dos profissionais da área em promover a dignidade e equidade.

“Destacamos a função de orientar e fiscalizar a prática ética, conforme o Código de Ética e os Direitos Humanos. A Psicologia deve promover dignidade e equidade, reconhecendo injustiças e combatendo estigmas. É dever do sistema discutir práticas antirracistas e fomentar reflexões sobre relações étnico-raciais, posicionando-se contra qualquer ação que viole esses valores. A presidenta do CRP-09, Ana Flávia Vieira de Mattos, mulher preta que luta ativamente contra o racismo, ressalta que é essencial manter nosso compromisso com uma atuação antirracista e a constante promoção de debates sobre questões raciais.”, informa o conselho em nota.

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