Os acusados de matar os advogados Marcus Aprigio Chaves e Frank Alessandro Carvalhães de Assis, em Goiânia, negaram envolvimento no crime durante o julgamento. O júri acontece desde segunda-feira (30/5) em Goiânia.
O crime ocorreu em outubro de 2020. Marcus e Frank foram mortos no escritório de advocacia deles no Setor Aeroporto, em Goiânia. Segundo a denúncia do Ministério Público de Goiás, o fazendeiro Nei Castelli ordenou o assassinato depois de perder uma ação que o obrigava a pagar R$ 4,6 milhões aos advogados de honorários sucumbenciais.
Na ocasião, Marcus levou três tiros que o atingiram no crânio e na região nasal, enquanto Frank foi atingido por um tiro na região torácica.
Desde o crime, apenas Pedro Henrique Martins foi condenado. Ele é apontado como autor dos disparos contra as vítimas e foi preso em Porto Nacional (TO), em 30 de outubro.
Pedro foi a júri popular em maio do ano passado, visto que a defesa dele não recorreu da acusação, fazendo com que o julgamento acontecesse antes dos demais. Ele foi condenado a 45 anos, 6 meses e 10 dias de prisão, em regime inicialmente fechado.
Já o fazendeiro Nei Castelli é apontado como o mandante dos assassinatos. Ele, Hélica Ribeiro Gomes, namorada de Pedro Henrique, e Cosme Lompa Tavares já foram interrogados e negaram participação no crime.
Hélica é acusada de ajudar o namorado após o crime e Cosme seria o responsável por intermediar a negociação e contratar os executores do crime. Jaberson Gomes também foi acusado de usar nome falso para marcar horário com os advogados e acompanhar Pedro Henrique no dia do crime, mas ele morreu em confronto policial com a Polícia Militar de Tocantins em outubro de 2020.
O advogado Renato Armiliato Dias, que defende Nei Castelli, afirmou que não foram identificadas mensagens ou ligações entre Pedro Henrique e Nei, que ligassem o acusado ao já condenado.
“O patrimônio da família de Nei é de R$ 1 bilhão, não tinha porque ele matar por uma dívida de R$ 3 milhões. Nei não tinha motivos para matar os advogados”, completou Casseano Barbosa, que também faz parte da defesa do acusado.
Já Hélica e Cosme afirmaram que foram torturados por policiais para confessar participação no assassinato dos advogados. Cosme afirmou que teve uma costela fraturada, além de ser submetido a sessões de espancamento e asfixia, fazendo com que ele perdesse um dente.
“Eles falavam que iria me matar. Desmaiei muitas vezes porque colocavam sacos na minha cabeça. Se eu for condenado, serei condenado por uma coisa que não fiz”, afirmou.
“Eles me bateram, chegaram a me dar uma arma e disseram para que eu atirasse contra a minha própria cabeça. Eu escutava os gritos do Cosme, mas não conseguia parar de chorar”, reforçou Hélica.
Ao todo, 20 pessoas serão ouvidas, sendo 17 testemunhas. O júri deve durar três dias.
Advogado relatou medo de ser morto: ‘Meus filhos precisam de mim’
Em uma mensagem enviada ao agricultor Luciano Maffra, o advogado Marcus Aprígio Chaves demonstrou preocupação ao decidir cobrar por honorários sucumbenciais.
“Mas, realmente, você não acha perigoso executarmos (a cobrança da dívida) Eles mandaram matar você… Não vão querer me matar também?”, questionou o advogado.
Na ocasião em que Marcus demonstrou preocupação ao amigo quanto à cobrança dos honorários, por mensagem, Luciano responde para que o advogado faça um testamento.
“Faça um testamento e execute”, diz Luciano Maffra.
“‘Credo! Meus filhos precisam de mim aqui ainda… Dinheiro não paga minha companhia”, devolveu o advogado.