Hoje é 23 de novembro de 2024 05:09

Deputados goianos barram aumento de emendas impositivas

Proposta foi rejeitada em plenário após acordo em que o Governo se comprometeu em elevar os recursos para parlamentares da base governista
Proposta de emenda constitucional (PEC) que visava aumentar o valor das emendas impositivas para 2% da receita gerou intensos debates entre os deputados na Alego // Fotos: Will Rosa/Carlos Costa

A sessão plenária da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), realizada na quinta-feira (10/10), foi marcada por debates intensos sobre a proposta de emenda constitucional (PEC) que buscava aumentar o valor destinado às emendas impositivas dos deputados. A proposta, de autoria do deputado Clécio Alves (Republicanos), foi rejeitada pela Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ), decisão que foi confirmada pelo plenário.

A PEC tinha como objetivo aumentar o percentual da receita corrente líquida do orçamento estadual destinado às emendas parlamentares impositivas, de 1,2% para 2,0%. Clécio Alves justificou a proposta dizendo que ela estava em conformidade com a Constituição Federal e que as mudanças fortaleceriam o Legislativo, beneficiando também os cidadãos e municípios goianos.

Na CCJ, o líder do Governo, Talles Barreto (UB), apresentou um voto em separado contra a proposta, que foi aprovado e enviado ao plenário para decisão final. Durante a sessão, Paulo Cezar Martins (PL) tentou modificar a proposta, mas o presidente Bruno Peixoto (UB) o lembrou que, conforme o Regimento Interno, eram necessárias 14 assinaturas de deputados para tal mudança.

A sessão foi suspensa por 20 minutos para que os deputados pudessem avaliar e assinar a emenda, caso quisessem. No entanto, apenas oito assinaturas foram registradas, número insuficiente para permitir a alteração.

Com isso, o parecer pela rejeição da PEC foi votado e aprovado por 25 votos favoráveis e nove contrários, resultando no arquivamento da proposta de alteração constitucional.

Matéria domina discussões em plenário

A proposta de emenda constitucional (PEC) que visava aumentar o valor das emendas impositivas gerou intensos debates entre os deputados na Alego. Bruno Peixoto explicou que o governador Ronaldo Caiado solicitou que a base governista rejeitasse a PEC, em consideração ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF). Nos bastidores, no entanto, a informação era de que houve um acordo para derrubada da PEC em que o Governo se comprometeu em aumentar significativamente a liberação de recursos destinados para parlamentares da base governista.

O deputado Clécio Alves (foto), autor da PEC, expressou seu descontentamento várias vezes durante a sessão. Ele criticou especialmente os colegas que assinaram a proposta, mas votaram contra na Comissão de Constituição, Justiça e Redação.

“Minha proposição teve 36 assinaturas. Todo mundo fez o compromisso e assinou”, afirmou Clécio.

O deputado Delegado Eduardo Prado, também contrário à rejeição, enfatizou a independência entre os Poderes e criticou a postura do Parlamento goiano.

“Não volto atrás com minha palavra”, disse, defendendo a manutenção de compromissos assinados.

Major Araújo reforçou a crítica sobre a falta de autonomia entre os Poderes e lamentou a interferência do Executivo na decisão. Para ele, o Parlamento deveria agir de forma mais independente em matérias que afetam diretamente os legisladores.

Os deputados petistas Bia de Lima (foto) e Mauro Rubem também se posicionaram contra a pressão do Executivo. Bia lamentou que a base governista não tenha apoiado a PEC, destacando a força da pressão do governo sobre os parlamentares. Rubem, por sua vez, defendeu que a PEC promoveria a democratização do orçamento.

O decano Paulo Cezar Martins condenou a influência do Executivo e lamentou que muitos deputados recuaram após assinarem a proposta. Ele pediu mais firmeza dos parlamentares e criticou a mudança de posição a pedido do governador.

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