A Polícia Civil de Goiás, por meio da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra a Ordem Tributária (DOT), deflagrou nesta terça-feira (24/09) a Operação Notas Delivery. A ação visa desarticular um esquema de venda e entrega de notas fiscais falsas na Região da 44, polo de comércio popular em Goiânia. Segundo a polícia, o esquema causou um prejuízo de mais de R$ 40 milhões aos cofres públicos.
“O grupo criminoso fornecia notas fiscais falsas para comerciantes que utilizavam essas notas para remeter e transportar mercadorias sem o devido recolhimento de impostos. Os lojistas encomendavam as notas, que eram entregues via um serviço de delivery”, explicou o delegado Bruno Silva, responsável pela operação.
De acordo com as investigações, os criminosos criavam as empresas de fachada em nome de “laranjas” — muitas vezes pessoas em situação de rua ou utilizando documentos falsificados. As empresas “noteiras” emitiam notas fiscais em grande volume, sem que os impostos devidos fossem recolhidos, dificultando a fiscalização e a cobrança pelo Estado.
“A loja que vendia o produto não aparecia na nota, que era emitida como se a empresa ‘noteira’ fosse a responsável pela venda. Como essas empresas eram registradas com dados falsos, o Estado ficava impossibilitado de cobrar os tributos, gerando prejuízos milionários aos cofres públicos”, detalhou o delegado.
Além das prisões, a polícia também apreendeu uma arma de fogo de uso restrito na residência de um dos suspeitos. Até o momento, seis prisões foram confirmadas. A investigação aponta que 11 empresas de fachada foram utilizadas no esquema. Algumas delas estavam registradas em nome de pessoas com antecedentes criminais, o que fortalece a suspeita de que o grupo possuía conexões com o crime organizado.
A Associação Empresarial da Região da 44 (AER 44), em nota oficial, afirmou que não compactua com práticas ilícitas e que apoia as ações da Polícia Civil. A entidade também responsabilizou a falta de fiscalização por parte da Prefeitura de Goiânia como um dos fatores que favorecem a atuação de ambulantes e práticas ilegais na região.
“A maior parte das práticas ilícitas, que às vezes ocorrem na região, são reflexos da ausência de fiscalização por parte da Prefeitura, permitindo que ambulantes atuem no polo comercial, comercializando mercadorias de procedência não comprovada”, informou a associação.
De acordo com o delegado Bruno Silva, a Operação Notas Delivery ainda está em sua primeira fase, que teve como foco os operadores do esquema. Ele adiantou que o grupo investigado é composto por pessoas com passagens criminais.
“A organização tinha um estatuto, um conjunto de regras para estruturar a operação das fraudes. Esse tipo de organização foi aprendido por alguns membros durante passagens pelo sistema prisional, onde tiveram contato com facções criminosas”, destacou Bruno Silva.