Hoje é 19 de setembro de 2024 13:54

Vereador de Aparecida conta o que viu no RS: ‘Cenário de destruição’

Político fez parte de um grupo de voluntários que saiu de Goiás e foi para a região de Porto Alegre ajudar nas buscas de desaparecidos e levar suprimentos
Vereador Sandro Oliveira: além da ajuda pessoal no socorro às vítimas em cidades gaúchas, missão liderada por uma igreja arrecadou cinco carretas com alimentos, totalizando cerca de 57 toneladas de suprimentos // Fotos: arquivo pessoal

“A gente esperava encontrar um cenário de destruição, mas não da forma que encontramos lá”. A frase é do vereador Sandro Oliveira (MDB), de Aparecida de Goiânia, ao tentar descrever o que presenciou nos dias em que esteve em uma missão para ajudar nas buscas de desaparecidos e levar suprimentos, roupas e recursos ao povo do Rio Grande do Sul.

O grupo de 11 pessoas saiu de Goiânia em uma van na segunda-feira, dia 6 de maio, e chegou no Rio Grande do sul na quarta pela manhã. Eles viajaram 32 horas até chegar em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre. No dia seguinte, passaram em Lajeado e na sexta e sábado atuaram em Porto Alegre e cidades ilhadas do outro lado Rio Guaíba, onde resgataram pessoas, diante de nova enchente que se avizinhava.

Ficaram no estado do sul até domingo (12) e chegaram de volta a Goiás na madrugada de terça-feira (14/5). Eles representavam a Igreja Impactados e, além do vereador, que tem certa experiência na área de resgate, a comitiva era composta por missionários, policiais militares, bombeiros, guarda-vidas.

Além da ajuda pessoal no socorro às vítimas em cidades gaúchas, a missão liderada pela igreja arrecadou cinco carretas com alimentos, totalizando cerca de 57 toneladas de suprimentos, donativos, que foram transportadas gratuitamente por meio da empresa Vitlog e destinadas para nove abrigos.

Muitos familiares desencontrados, sem saber se parente veio a óbito ou se estava em abrigo’

O grupo atuou principalmente nos municípios de Canoas, Porto Alegre, Eldorado do Sul e São Leopoldo, onde resgatou 19 pessoas e 43 animais (cachorros, gatos, cavalos), além de dar suporte e orientar centenas de pessoas que estavam em áreas de risco e não quiseram sair de suas casas. Participaram ainda de 35 operações em áreas dominadas pelo crime organizado para resgatar pessoas em vulnerabilidade e levar alimentos.

“Muitas pessoas sem ter onde morar, passando dificuldades, familiares desencontrados, sem sabe se parente veio a óbito ou se estavam em abrigos diferentes. Muitos animais de estimação deixados de lado porque não deu tempo de salvar, muitas famílias que perderam também suas casas, muitas casas não suportaram a correnteza da água e vieram a desmoronar. Praticamente todas as casas perderam seus móveis, então é uma destruição total”, relata Sandro Oliveira, que observa que a falta de água potável era um dos grandes problemas.

“A água está muito contaminada, misturada com esgoto, bichos mortos, animais, cachorros, ratos e, em alguns pontos, se conseguia sentir um cheiro mais forte, cheiro de corpo humano, que tem um cheiro diferente”, diz o vereador, ao lembrar que quando resgatavam um cachorro quando passavam por Eldorado do Sul sentiram um cheiro muito forte numa casa e, então, socorristas disseram “Esse aqui é cheiro de gente”.

“Mas não tinha como a gente entrar, porque estava com uma embarcação só e a água estava muito alta, já no telhado. Então a gente mandou uma localização pelo grupo da Defesa Civil, que foi lá e realmente encontrou um corpo de uma mulher”, diz.

O vereador acredita que a extensão da tragédia no Rio Grande do Sul será vista mesmo quando as águas abaixarem. “Pode ter certeza que vai ter muita devastação, muitos corpos encontrados, muitos animais, porque ainda nem o próprio governo sabe a proporção da tragédia”.

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